sexta-feira, 16 de novembro de 2007

a linguagem do Reino por quem sabe...

Nos últimos dias tenho vindo a aprofundar e viver, com companheiros e irmãos de comunidade, o sentido de falar do Reino de Deus: ao mesmo tempo tão simples e claro, e tão grande! Descubro o Reino como uma linguagem bonita para falar do Projecto de Deus para a Humanidade, Projecto de Amor e Salvação, Projecto no qual Deus-Pai é de verdade Deus-Abbá na Humanidade por Ele sonhada e amada. Por isso é o Projecto da realização humana, da emergencia de um mundo mais humano e fraterno, de uma Nova Humanidade; e essa Nova Humanidade já está a acontecer, sob a Presença do Espírito Santo, a partir de uma vida plenamente entregue e gerada no Amor do Pai: a vida de Jesus.
Jesus saboreou e experimentou como ninguém este Amor do Pai a acontecer na história humana como libertação e plenitude do melhor do Homem. Por isso procurou transmitir e partilhar esta realidade a acontecer, realidade que é um apelo ao qual temos de aderir. Vejamos por agora a linguagem utilizada por Jesus para falar do Reino:
Não acontece, como por vezes imaginamos, como uma acção exterior, uma intervenção de Deus que impõe na história a lógica dos bons e dos justos – a pedagogia de Deus é bem melhor! Interrogado pelos fariseus sobre quando chegaria o Reino de Deus, Jesus respondeu-lhes: O Reino de Deus não vem de maneira ostensiva. Ninguém poderá afirmar: ‘Ei-lo aqui’ ou ‘Ei-lo ali’, pois o Reino de Deus está entre vós. (Lc 17, 20) O Amor de Deus vai inspirando o coração humano a colaborar na emergência desta ordem nova de felicidade – por isso o convite de Jesus à conversão, a deixar-se entrar nesta dinamica de Fraternidade que Deus inaugura;

Para falar do Reino, Jesus utiliza sobretudo parábolas – reunidas, como podemos encontrar, no capítulo 13 do Evangelho de Mateus. São as parábolas do Semeador e da Semente, a parábola do Grão de Mostarda, a parábola Fermento… todas exprimem a experiencia que Jesus faz de que o Reino, o Amor de Deus a acontecer na história dos homens, acontece no invisível no pequeno, no simples… mas com uma força, com um poder que envolve toda a realidade. Na prática, é assim que actua o Amor de Deus na nossa vida: vai entrando, assumindo e plenificando as nossas possibilidades, as nossas opções, os nossos talentos…

Ao Reino associa-se a proclamação das Bem-Aventuranças (Mt 5), que começam com Felizes… a quem pertence e quem pode entrar na dinâmica do Reino, quem pode sintonizar e abraçar a Proposta de Deus, quem pode viver na dinâmica do Amor de Deus; não são os puros, os perfeitos ou os poderosos… são aqueles que têm na sua vida o espaço para que entre o algo mais que é o Amor de Deus – os pobres, os perseguidos, os injustiçados… E depois, o convite de Jesus aos seus discípulos é que configurem o seu coração e as suas acções com este jeito de Amor que Deus revela e actua na história: amai os vossos inimigos, rezai pelos que vos perseguem, não julgueis e não sereis julgados, etc, etc…
um grande abraço

1 comentário:

Anónimo disse...

obrigado por esta abertura ao novo, ao que ainda é preciso construir!
A esperança activa no nosso coração uma força capaz de realizar maravilhas.