quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

à força de bomba!


Deus ressuscitou-o, libertando-o dos grilhões da morte, pois não era possível que ficasse sob o domínio da morte… (Act 2, 24)

Como o próprio Jesus, os primeiros discípulos eram judeus: pertenciam a um Povo que sabia falar de Deus, que sabia quem era Deus, que toda a sua vida social, politica e religiosa centrava-se em Deus. Como o próprio Jesus, os primeiros discípulos assentam a sua Fé num pilar fundamental: o monoteísmo. “Escuta Israel: o Senhor é o nosso Deus, o Senhor é um. Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua vida, com todas as tuas forças” (Deut 6, 4).

O monoteísmo surge em Israel como uma novidade fundamental: Israel é um povo – pequeno por sinal – rodeado de outros povos, bastante mais avançados a nivel civilizacional, politico e cultural (Grécia, Egipto, Babilónia), todos politeístas. O monoteísmo nasce da experiência de Fé em Israel como uma libertação: afinal, já não temos todos aqueles sistemas de divindades, imaginadas à imagem e semelhança do Homem e da sociedade humana, divindades marcadas por rivalidades, lutas e disputas. O monoteísmo, a proclamação de Fé num Deus único, que é Bom e sonha a Criação como Boa, liberta Israel do domínio daquelas divindades que exigiam cultos e sacrifícios; Israel também os terá – mas no contexto de Aliança.

No entanto, este monoteísmo que os discípulos de Jesus professam, este monoteísmo de um Senhor Javé sozinho, sem outro à sua altura, será transformado. A Ressurreição de Jesus, o Cristo, arrebenta à força de bomba a solidão fechada de Javé!

Guiados pelo Espírito Santo, em contexto comunitário centrado na Palavra, na celebração e no anúncio, os discípulos aprofundam o mistério de Jesus, o Cristo, a quem reconhecem como Ressuscitado. Percebem que a sua Ressurreição tem horizontes da própria Vida Divina, horizontes de plenitude e eternidade. Compreendem que as relações que Jesus vive com o Abbá, o mistério de Jesus como Filho, Ungido pelo Espírito Santo, são relações que ultrapassam aqueles 33 anos na Palestina…

Guiados pelo Espírito Santo, os discípulos compreendem que, afinal, aquelas relações são eternas! Aprofundando o mistério do Filho, compreendem que este, desde toda a eternidade, antes de se revelar no rosto humano de Jesus, já está no seio do Pai. Compreendem que o Pai que se revela como o Pai de Jesus, tem rosto de Pai desde toda a eternidade. Percebem que a Unção pelo Espírito Santo é uma Unção, uma Comunhão de Amor eternas…

E assim, os discípulos, aqueles primeiros discípulos da Igreja que é nossa e que somos nós, saboreiam o Mistério mais belo da nossa Fé: o Rosto Familiar, Dinamico, Comunitário de Deus. Não deixam de proclamar o monoteísmo da Aliança: mas compreendem que, afinal, Deus é Um não por ser uma Pessoa, mas por ser uma Comunhão perfeita de Pessoas. Pessoas Divinas, cada uma com o seu jeito único e perfeito de ser e de amar. Três pessoas, numa Dança de Amor Eterno, uma Dança que gera este Universo, esta Terra tão bela e harmoniosa, uma Dança que chama e convida outros, nós, Homens à sua imagem e semelhança, a participar.

Guiados pelo Espírito Santo, tenho a certeza de que a Ressurreição de Jesus abrirá também à força de bomba os horizontes mais vastos e belos da nossa vida e da nossa Fé.

Um grande abraço

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