segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

a missão dos discípulos


Uma das primeiras iniciativas da vida pública de Jesus foi o de chamar discípulos e com eles formar uma comunidade. Jesus sabia que o Dom que o habita era universal, e por isso não o viveu de modo solitário. Jesus convida discípulos que com ele vivem, que o escutam, e no qual começam a entrar nos segredos do Reino de Deus. Não que Jesus se fechasse com estes: o seu anúncio da Boa-Notícia da Salvação é para todos, assim como o seu convite à conversão, isto e, a deixar Deus entrar nas nossas vidas como presença de Amor, e a sintonizar o coração e as atitudes segundo esse Amor. Os discípulos acompanham-no e escutam-no. Dão-se conta da relação única que Jesus vive com Deus, a quem chama de Abbá, e dão-se contra de que o anúncio de Salvação corresponde às suas expectativas mais fortes. Chamam-lhe o Cristo, o Messias, palavras que em grego e hebraico significam o Ungido, o Consagrado por Deus com o seu Espírito. É essa comunidade de discípulos, reunidos à volta de Jesus que com ele descobrem a Boa-Nova do Reino, que está o núcleo da história que depois começará, à qual chamamos Igreja.

Esta história não teria continuado por causa da morte de Jesus na Cruz. Os discípulos interpretam-na como um fracasso: afinal não é em Jesus que se inaugura o Reino da Salvação, pois é derrotado pelas forças da opressão e injustiça dos que o perseguiram. Todos se dispersam, como os discípulos de Emaús. Será a Experiência Pascal dos discípulos, a descoberta e reconhecimento de Jesus Ressuscitado que os reunirá de novo e dará início a esta história. Os discípulos reconhecem que aquele Jesus de Nazaré, o Eleito, o Cristo de Deus venceu a morte. Reconhecem que mistério que o habitava, o mistério de chamar a Deus de Abbá, era demasiado forte para ser derrotado pela morte. A Ressurreição é a vitória definitiva, a plena inauguração do Reino de Deus. Então os discípulos saem à rua para proclamar esta vitória, para proclamar a Boa-Nova de Salvação, tal como o seu Mestre fizera antes! Na mesma Jerusalém que o havia condenado, proclamam: “Deus ressuscitou-o, libertando-o dos grilhões da morte, pois não era possível que ficasse sob o domínio da morte” (Act 2, 24)

A Igreja como Comunidade onde aconteça a Experiência Pascal
É deste acontecimento que nasce a Igreja, que no Novo Testamento se diz Ecclesia, que significa “Convocados pela Palavra”. Os discípulos unem-se então em Comunidade, tal como viviam com Jesus. Unidos, guiados pelo Espírito e pela Palavra, aprofundam o Sentido do Projecto Salvador de Deus realizado em Jesus, criam um contexto comunitário no qual experimentam que Jesus, o Cristo, está vivo e ressuscitado, e vivem a Fé, Esperança e Amor como uma vida no sentido e sabor de Deus. A Igreja de Jesus, tal como a encontramos testemunhada no Novo Testamento, é uma Igreja de Comunidades na qual acontece a experiência pascal: não uma igreja de estruturas ou multidões, mas uma Igreja de comunidades que sejam “o sal, luz e fermento no mundo” (cf. Mt 5, 13).

A Igreja como testemunha no mundo do Projecto de Deus
Os discípulos são consagrados e ungidos pelo mesmo Espírito Santo que conduziu a Jesus. Por isso são conduzidos a viver a mesma Missão de Jesus: testemunhar e anunciar o Evangelho, a Boa-Notícia do Projecto Salvador de Deus, o Reino, que é a assunção da Humanidade na própria Comunhão Divina pela presença do Espírito Santo no seu seio. A Ressurreição de Jesus está no centro desta Boa-Nova, pois é a realização de tudo o que Jesus viveu e anunciou. A Ressurreição é um processo, uma Plenitude que abarca a toda a Humanidade. Por isso a Igreja, como comunhão dos discípulos de Jesus que conhecem este Projecto Universal de Salvação, continua a missão de Jesus: anunciá-lo, testemunhar o Amor Salvador de Deus que abre horizontes de plenitude e eternidade, e que responde à nossa procura mais profunda de Sentido para a vida.

A Igreja como frente de uma nova Humanidade
Finalmente, os discípulos de Jesus reconhecem o Reino de Deus como a realização das possibilidades mais fortes de humanização e felicidade. O Reino de Deus não é só uma questão religiosa, é total e profundamente humana! “O Reino de Deus é uma questão de justiça, paz e alegria no Espírito Santo” (cf. Rom 14, 17). O Reino de Deus é a emergência de uma Nova Humanidade transformada e reconciliada pelo Espírito Santo, uma Humanidade tal como Deus sonha! Por isso os discípulos, tal como Jesus, empenham-se nas causas mais profundas de humanização, constituindo uma frente de fraternidade, justiça e verdade contra as causas e estruturas que oprimem o ser humano, sobretudo os mais pobres e excluídos. O mundo não precisa da Igreja, não precisa dos discípulos de Jesus para dar moralismo, produtos religiosos ou “assistência caritativa”, mas precisa de profetas e homens novos, não heróis mas apaixonados por Jesus e pela causa do Homem, que dêem a vida por esse Reino.

2 comentários:

Anónimo disse...

Obrigado por me fazeres entender que que a Igreja não´é a salvadora, mas o sacramento da salvação.
Obrigado por anunciares uma Igreja que só pode realizar a sua missão se for Corpo de Cristo, isto é, mediação reveladora da Palavra e do amor de Cristo para o mundo.
Obrigado por nos lembrares que a Igreja só pode ser este corpo de Cristo se se constituir em pequenas comunidades fraternas.
De facto, só assim poderá ser sal, luz e fermento.

Sete & Soraia disse...

...

hum sao so 9 avioes...

lol s fosse uma questao de numeros ficavas com media de 10 ;)