sábado, 18 de setembro de 2010

Vosgos...



Trata-se de um cemitério militar alemão, das guerras de 1914-18 e 1939-45, situado na região da Alsácia, na fronteira entre a França e a Alemanha, onde tive a oportunidade de estar esta semana. Há duas coisas que as fotos não conseguem captar: primeiro, a extensão deste cemitério, onde uma pequena placa na entrada me diz estarem sepultados 273 soldados alemães; segundo, o absoluto silêncio que aqui encontrei, sem qualquer estrada ao lado, apenas um carreiro de terra batida, e sem qualquer casa próxima. Perto, está outro cemitério pertencente à aldeia de Trois-Epis; mas enquanto nesse encontramos imagens de Jesus ou de Maria, ou cruzes e lápides maiores ou menores, neste apenas encontramos uma pequena cruz, igual, com três elementos: o nome do soldado, o seu posto militar, e o dia da sua morte (a grande maioria não chegaria à minha idade). Nestes três elementos pretende-se resumir a vida de 273 homens.

E naquele silêncio da floresta dos Vosgos, apenas com o rumor do vento, quase que conseguia escutar duas vozes: a primeira, a das árvores que aqui ainda dominam, a dizer-me que tiveram de receber estes que a humanidade lhes entregou, e que não se importam de os receber no seu espaço, mas que prefeririam não ter de receber mais nenhum, devolvendo-as assim à sua solidão. E a segunda voz, seria a desta cruz, porque é uma só de que se trata, a mesma, igual, para todos os 273: dir-me-ia que continua a recebê-los, a estes 273, ou milhares, ou talvez milhões que a nossa humanidade continua a entregar-lhe, como lhe entregou um outro, de Nazaré, há 2000 anos; e a cruz responder-me-ia que cabe a ela recebê-los, até que a humanidade o deixe de os entregar; e enquanto isso, ela (a cruz) encarregar-se-á de os entregar por sua vez ao mesmo Deus,  Aquele de quem a carta aos Hebreus declara que "até tem o poder de ressuscitar os mortos" (Heb 11,19), porque Ele sabe bem como os há-de receber.

E aí sim, pude de facto fazer o sinal da cruz.
Um grande abraço!

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