segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

tu aí estás...


Quando nasci, tu já aí estavas: à minha espera, mortinho por teres um irmão mais novo. Tu já aí estavas, antes de eu te conhecer; antes de te conhecer, já sonhavas em partilhar comigo o mais belo da tua vida…

Quando nasci já estavas comigo, Mestre, à minha espera. Chamo-te Mestre e Senhor, e digo-o bem, porque o és; mas, mais ainda, és o meu Irmão. Mais velho.

Quando nasci abraçaste-me. Disseste-me “bem-vindo”, ainda que eu não fosse capaz de te escutar. Mas disseste-me. Ficaste contente com o meu nascimento: ias poder partilhar comigo algo que não é teu, mas que é o mais importante para ti. Tiveste uma alegria enorme, porque mais alguém ia poder experimentar e descobrir o que era para ti, desde toda a Eternidade, a única e plena razão de vier.

Na tua maravilhosa Gratidão, Irmão, que já é a nossa Gratidão, só podias ficar contente pelo nascimento de mais um irmão que iria, como tu, descobrir tal Amor…

E viste-me a crescer, a crescer nesse Amor que tu, desde Sempre, vives, danças, exultas. É verdade, Mestre, é impossível semelhante Amor tão… parece que nos explode por dentro! Oh Mestre, que estas palavras não sejam em mim mentira!

E depois… E depois eu fui crescendo… Fui começando a ganhar inteligência, a ter emoções, a sentir os apelos de uma pessoa em construção… E tu começaste a falar-me… Primeiro brincavas comigo, depois escutavas os meus segredos, escutavas as minhas perguntas, choravas comigo…
E começaste a falar-me… Começaste então a segredar-me e a abrir-me… Começaste a abrir-me ao que era mais importante para ti. Começaste a fazer dar-me conta do que eu vivia e experimentava. Começaste a falar-me…

Falaste-me de um Amor… De um Amor no qual tu vives, no Amor em que exultas, danças e choras de alegria… Do Amor que tens de partilhar, de dar a conhecer, de revelar porque não há nada que se lhe possa comparar!

E tens razão, Mestre: não há…

Começaste a falar-me do Amor no qual nasci, no Amor no qual vivo, tal como tu, no Amor em que estou a crescer… Falaste-me desse Amor que me abraça, desse Amor que tão bem conheces porque nele vives e és, desde Sempre…

E dizes-me para danças, dizes-me para cantar, chorar, confiar, entregar-me, acolher, exultar, agradecer, partilhar… Dizes-me para descobrir e deixar que esse Amor me inunde e me gere para a Vida…

E contigo, Mestre, porque mo deste a descobrir e reconhecer, contigo eu danço, canto, exulto, confio… Contigo canto o Amor do Abbá, o nosso Abbá, esse Amor tão livre e fecundo como o Vento…

E contigo, sim, contigo, digo “bem-vindo” a todos os nossos irmãos, os mais pequeninos como eu, que estão a nascer para este Amor que descobrimos…
um grande abraço

3 comentários:

Anawîm disse...

e ELE era tão Homem... tão livre...
... tão livre de todos os esquemas que inventamos e que amarram e secam
... tão livre que até nos liberta, porque vive de Coração sempre completamente apanhado pelo Abba, nessa dança permanente no Espírito...

Rui Pedro... agradeço profundamente a tua partilha.

Anónimo disse...

Obrigado por me ensinares a saborear a sua ternura de primogénito de muitos irmãos.

Obrigado por me ensinares que ele, apesar de ter muitos irmãos, relaciona-se com cada um de modo origuinal,pois aceita-nos assim como somos.

Obrigado por anunciares um Cristo rão bonito!

Sol da manhã disse...

Ui...que BONITO!
Muito Obrigado!
Um abraço.