terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Gaudium et Spes

Entre 1962 e 65 realizou-se, na Igreja, o Concilio Vaticano II. Um Concilio é a reunião maior na Igreja, de bispos, presbíteros, leigos e teólogos de todo o mundo onde, de modo democrático, elaboram documentos, propostas e decisões para o futuro da Igreja. Realizaram-se ao todo 21 na história da Igreja, mais ou menos um por século.
Neste Concilio Vaticano II, foi elaborado um documento chamado "Gaudium et Spes - Alegria e Esperança" para falar das relações e do papel da Igreja no mundo. Partilho aqui algumas citações, porque apresenta uma linguagem para falar do Homem que, se calhar, não estamos muito habituado a ouvir em Igreja. Nos próximos dias partilharei alguns pontos sobre o Homem no Projecto de Deus, numa apresentação que estou a preparar.
As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração. (n.1)

Trata-se, com efeito, de salvar a pessoa do homem e de restaurar a sociedade humana. Por isso, o homem será o fulcro de toda a nossa exposição: o homem na sua unidade e integridade: corpo e alma, coração e consciência, inteligência e vontade. (n.3)

Para levar a cabo esta missão, é dever da Igreja investigar a todo o momento os sinais dos tempos, e interpretá-los à luz do Evangelho; para que assim possa responder, de modo adaptado em cada geração, às eternas perguntas dos homens acerca do sentido da vida presente e da futura, e da relação entre ambas. É, por isso, necessário conhecer e compreender o mundo em que vivemos, as suas esperanças e aspirações, e o seu carácter tantas vezes dramático.(n.4)

A Igreja defende que o reconhecimento de Deus de modo algum se opõe à dignidade do homem, uma vez que esta dignidade se funda e se realiza no próprio Deus. Com efeito, o homem inteligente e livre, foi constituído em sociedade por Deus Criador; mas é sobretudo chamado a unir-se, como filho, a Deus e a participar na sua felicidade. Ensina, além disso, a Igreja que a importância das tarefas terrenas não é diminuída pela esperança escatológica (a Vida Eterna), mas que esta antes reforça com novos motivos a sua execução.(n.21)

Uma coisa é certa para os crentes: a actividade humana individual e colectiva, aquele imenso esforço com que os homens, no decurso dos séculos, tentaram melhorar as condições de vida, corresponde à vontade de Deus. Longe de pensar que as obras do engenho e poder humano se opõem ao poder de Deus, ou de considerar a criatura racional como rival do Criador, os cristãos devem, pelo contrário, estar convencidos de que as vitórias do género humano manifestam a grandeza de Deus e são fruto do seu desígnio inefável. Mas, quanto mais aumenta o poder dos homens, tanto mais cresce a sua responsabilidade, pessoal e comunitária. Vê-se, portanto, que a mensagem cristã não afasta os homens da tarefa de construir o mundo, nem os leva a desatender o bem dos seus semelhantes, mas que, antes, os obriga ainda mais a realizar essas actividades. (n.34)

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