domingo, 28 de setembro de 2008

Acreditar...

Acreditar…
Não deverá ser por acaso que encontramos tantas vezes nos Evangelhos na boca de Jesus a expressão: “A tua fé te salvou” (Mc 4, 34; 10, 52). Parece que não pede nem exige mais nada. Parece que, no sonho de Jesus de uma Nova Humanidade, a única condição para que esta aconteça é a Fé. Acreditar…

Do mesmo modo, Paulo, citando o profeta Habacuc, dirá, logo no inicio da sua carta aos Romanos: “O justo viverá da Fé” (Rom 1, 17), como que a lançar o mote do seu pensamento. O que distingue verdadeiramente o “justo” (que não é um termo de moral, como alguém que é superior aos outros, mas um termo próprio para falar dos discípulos que colocam a sua vida no sentido de Deus) é a Fé, o Acreditar… Isto mais que a pertença a um grupo ou comunidade de discípulos, ou mais que praticar as “boas obras” que nos tornam “pessoas melhores”, se calhar sempre prontas a julgar como os fariseus do Evangelho… “Sabemos que o Homem não é justificado pelas obras da lei, mas pela fé em Jesus, o Cristo” (Gal 2, 16)…

Se calhar, é por isso que podemos encontrar o género de pessoas que encontramos a seguir a Jesus: “Em verdade vos digo que as prostitutas e os colectores de impostos vos precedem no Reino de Deus” (Mt 21, 31), “precedem”, no presente, não no futuro, transparecendo uma experiencia concreta e real de Jesus de Nazaré… É esta lógica que Paulo percebeu tão bem, ao falar da Graça, porque não a merecemos, mas apenas a acolhemos como Dom…

Talvez uma das dimensões mais importantes que nos constitui como Pessoas, com a dignidade e originalidade únicas que esta palavra significa, é a dimensão da Fé - Fé em alguém, fé nalguma coisa, fé em algum ideal ou projecto, não interessa - desde que seja uma força de viver bem, para o bem! Acreditar significa colocar a vida a caminho de um horizonte melhor, significa acolher essa Força de transformação (Força pessoal, amorosa, sedutora, persuasiva) que é o Espírito Santo, “Amor de Deus derramado nos nossos corações” (cf. Rom 5, 5)...

E talvez, quando Jesus fala desse tal “Reino de Deus”, “entre nós” (Lc 17, 21), Reino ao qual Paulo chama a “Nova Humanidade” (Ef 2, 15), formada pelo derrube de todos os muros de divisão, talvez estejam a pedir essa experiencia: Acreditar… Não há um mundo ideal, não há uma “terra dos sonhos” nem um outro mundo, nem um destino onde tudo está já escrito, nem um “oxalá” ou “queira Deus”… Há este mundo, esta história que, na linguagem bíblica, é a história onde acontece a Aliança, onde Deus faz uma Promessa e a cumpre, onde emerge pela força da Fé essa Humanidade, esse Homem Novo que é cada um de nós, Adam salvo e reconciliado em Cristo (Rom 5,10).

E se aquilo que de mais importante temos, aquilo que nos torna verdadeiramente Pessoas, é o Acreditar? Então percebemos porque o Homem surge, na linguagem bíblica, com uma dignidade única, impossível de reduzir a todas as leis, animais, condições sociais, obras, capacidades, etc, etc… Se calhar, porque o Homem surge, no “dizer de Deus” – tão ao gosto dos profetas – com uma capacidade tremenda de transformar, de caminhar, de construir esta Nova Humanidade com tantos nomes… E talvez essa força, na qual o Povo reconhece a presença do Deus da Graça, seja capaz de fazer acontecer essa Páscoa, da escravidão para a liberdade, na história, na comunidade, em nós…
Boa Semana!


Terra dos Sonhos - Mafalda Veiga Canta Jorge Palma


E para a Blogosfera Civil cabe-me informar que o grupo de jovens daqui do seminário já recomeçou a caminhada! Se nos quiserem acompanhar, podem visitar o nosso espaço, que já não é no blogger mas no Hi5: gjovens.hi5.com Penso que sairão novidades lá nos próximos tempos!

3 comentários:

Anónimo disse...

Obrigado pelo blog e parabéns pela criatividade dos jovens!

Anónimo disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
Gustavo Sousa disse...

Pois é companheiro...

Deus foi o primeiro a acreditar num projecto chamado humanidade.E a prova de que somos um projecto com sucesso está em Jesus, o Homem Novo. Lutarmos, comprometermo-nos , trabalharmos, criarmos, fazermos...tudo isso é antes demais acreditar nesse projecto de Salvação a que chamamos Reino.

Um abraço!