sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Mt 14,22-33

Por vezes temos a sorte de alguém nos chamar a atenção para algum facto e nos ajudar a abrir mais um pouco os olhos… há pouco tempo, foi sobre este texto que fui alertado, um texto que vale a pena ler com calma e com atenção nas palavras.

«Depois, Jesus obrigou os discípulos a embarcar e a ir adiante para a outra margem, enquanto Ele despedia as multidões. Logo que as despediu, subiu a um monte para orar na solidão. E, chegada a noite, estava ali só. O barco encontrava-se já a várias centenas de metros da terra, açoitado pelas ondas, pois o vento era contrário. De madrugada, Jesus foi ter com eles, caminhando sobre o mar. Ao verem-no caminhar sobre o mar, os discípulos assustaram-se e disseram: «É um fantasma!» E gritaram com medo. No mesmo instante, Jesus falou-lhes, dizendo: «Tranquilizai-vos! Sou Eu! Não temais

Pedro respondeu-lhe: «Se és Tu, Senhor, manda-me ir ter contigo sobre as águas.» «Vem» - disse-lhe Jesus. E Pedro, descendo do barco, caminhou sobre as águas para ir ter com Jesus. Mas, sentindo a violência do vento, teve medo e, começando a ir ao fundo, gritou: «Salva-me, Senhor!» Imediatamente Jesus estendeu-lhe a mão, segurou-o e disse-lhe: «Homem de pouca fé, porque duvidaste?» E, quando entraram no barco, o vento amainou. Os que se encontravam no barco prostraram-se diante de Jesus, dizendo: «Tu és, realmente, o Filho de Deus!» (Mt 14,22-33)

Já no capítulo 10 do Evangelho de Mateus encontramos um discurso de Jesus dirigido «aos seus doze discípulos», cujos nomes são enunciados a seguir, com as «instruções», como que um “programa para o caminho”: lá encontramos por três vezes a ordem quase solene de «Não Temais».

Esta tradição do encontro de Jesus com os discípulos no “mar” da Galileia – diz quem conhece que pouco mais é do que um lago – aparece-nos nos quatro evangelhos: é uma tradição com grande importância, como que um “anúncio fundamental” para as comunidades, quase um “credo” para os discípulos; o Ressuscitado é Senhor sobre os ventos mais fortes e o mar mais violento…

Quando se começa a afundar Pedro? Não é quando duvida, nem é quando “perde a fé”: é quando «sente a violência do vento», quando a atenção do “caminhar” descentra-se do «Vem» que o chama e passa para o «vento» que o violenta. E levanta-me a pergunta: para onde ou para quem se dirige o olhar, a atenção, talvez o “motivo” de Pedro no seu «caminhar»? Para quê ou para quem?...

Segundo facto: há uma diferença nos dois «gritos» de Pedro: o «se». No segundo grito já não o encontramos, já lá não está. Só no segundo faz sentido termos o Nome de «Senhor» dirigido a Jesus, porque só no segundo este vem acompanhado com talvez a única Palavra que no Novo Testamento merece acompanhar esse Nome: «Salva-me»…

É verdade que não é andando à volta de uma ou outra palavra que nos abrimos a um sentido do texto e nos conduzimos à História de Fé que Deus escreve connosco. Mas desta vez fui chamado à atenção para estes pequenos elementos que me foram importantes, pelo que deixo esta partilha mais pessoal. Para mais convido a uma leitura atenta e calma do texto, que certamente dirá bastante a cada um. Um grande abraço e bom fim-de-semana!

1 comentário:

Sol da manhã disse...

E no fim dos nossos medos,
Centro Livre,
está o Senhor,
Soberano,
que nos Olha com Graça.
Mão Segura.
Que Salva.


Obrigada por esta partilha :)!