domingo, 20 de setembro de 2009

o Ressuscitado...


Se interrogarmos o Novo Testamento, não obtemos muitas respostas quanto ao tema da Ressurreição: Paulo preocupa-se, nas cartas à comunidade dos Tessalonicenses, em testemunhar a sua confiança de que o Senhor será fiél para com os seus discípulos até à morte: «Pois se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, o mesmo Deus, por meio de Jesus, levará os irmãos para estarem consigo» (1Tess 4,14).

Do mesmo modo, na 1ª Carta aos Coríntios, é de admirar ver como para Paulo não faz sentido proclamar a Ressurreição de Jesus e ter dúvidas sobre a fidelidade de Deus-Pai na morte dos seus filhos e fiéis: «Ora se se proclama que Cristo ressuscitou da morte, como dizem alguns de vós que não há ressurreição dos mortos?!» (1Cor 15,12) Paulo ensaia uma linguagem para exprimir esta realidade que ultrapassa a história e a transforma: é a nossa vida, a nossa identidade, o que somos e construímos na nossa história/corporalidade, em relações, que é transformado, tornado pleno e maior no seio da Vida, da Vitalidade de Deus-Pai. Abraçados ao Ressuscitado.

E a verdade que vou descobrindo é que esta Noticia da Ressurreição vem agrafada a uma vivência e procura que são, isso sim, o centro do Novo Testamento: o Ressuscitado. Penso que todos temos mais ou menos a experiencia de como o anúncio da Ressurreição e da Vida Plena se podem tornar palavras vazias, ou gastas, sem novidade ou sem uma carga de esperança... Porque este anuncio só recebe a sua vitalidade na descoberta daquele que é o Ressuscitado, no Encontro com o Filho nascido e gerado no Amor do Pai, para nós...

Podemos reconhecer isto diante dos Evangelhos que nos chegaram... Não encontramos neles uma reflexão ou uma tentativa de "explicação" sobre o que será a Ressurreição, o Céu, a Vida Eterna. Os Evangelhos são todo um caminho de encontro com uma Pessoa que os discípulos reconhecem como o Ressuscitado, o Filho que se torna, na sua Ressurreição, a Fidelidade máxima e plena a uma Vida Nova para toda a Humanidade. As comunidades dos discípulos reúnem-se, não na esperança sobre uma "vida futura num outro mundo", mas no Encontro com o Ressuscitado, que pertence ao seio familiar de Deus-Pai, e que nos assume nesse seio; o Ressuscitado que não é o ausente, mas o Enviado ao Mundo e à História, para que estas se tornem no Reino de Deus...

E então, descobrimos como o Encontro com o Ressuscitado torna tudo bem diferente... não num dia nem num ano, porque é um caminho, como os discípulos da Galileia para Jerusalém, para a Páscoa que se torna... num envio, de novo, para a Galileia, e dali para todos os povos (Mt 28,19). O Encontro torna-se Seguimento, diante de uma Pessoa surge, sempre de novo, a pergunta "E agora, o que havemos de fazer?" (Act 2,37). Diante de uma boa teoria como pode ser a de uma "Vida do Céu" ficamos parados, mas diante do Ressuscitado, do Vivo e Verdadeiro somos levados a caminhar com Ele para lhe perguntar "Mestre, onde moras?" (Jo 1,38). E perante Ele, por vezes, também descobrimos que "os teus pensamentos são segundo os homens, não segundo Deus", para de novo voltarmos a ouvir "Segue atrás de mim" (Mc 8, 33).

É uma Pessoa, um Homem… Cuja vida pertence ao sei mais íntimo e familiar de Deus, como Filho… Um Diálogo Familiar ao qual pertencemos e no qual estamos a nascer; de novo… (Jo 3, 3). Jesus, o Filho...
«Principio do Evangelho de Jesus Cristo, Filho de Deus» (Mc 1,1)

3 comentários:

Sol da manhã disse...

:):):):):):):)!

calmeiro matias disse...

Olá Rui Pedro
Bonito texto! Obrigadoporque te estás a tornar um anunciador do Cristo vivo que salva.
Um abraço
Calmeiro Matias

Sol da manhã disse...

Vem Senhor Jesus,
fica connosco no meio de nós,
irrompe pelo silêncio atordoante,
dos medos, das divisões e das sombras
e que nos nossos corações se oiça a tua voz:
"A Paz esteja convosco".

Vem Senhor Jesus,
senta-te à mesa connosco,
abre-nos o coração às escrituras,
e ensina-nos a partilhar o pão,
com todos os homens que congregas, e que nos nossos corações se oiça a tua voz:
"Bem- Aventurados vós..."


Vem Senhor Jesus,
fica connosco, guia-nos e leva-nos
pelas noites de gritos e choros,
pelas noites de aloés e mirras,
pelos caminhos que tu tão bem conheces, a anunciar o que te ardia no Coração, e que por fim, no nosso que bate no teu, se oiça:
"Pai Nosso..."