sábado, 3 de abril de 2010

Apenas 3 pequenos passos... (II)

É importante vermos como no andamento deste Drama que é a Morte de Jesus encontramos duas maneiras ou modos de Entrega, dois modos que se confrontam para um deles sair vencedor.
A primeira Entrega é a que d'Ele (de Jesus) fazem Judas: «procurava uma ocasião para entregá-lo» (Mt 26,16); aos sumos-sacerdotes e escribas, que o entregam aos pagãos (Mc 10,33), concretamente a Pilatos (Mc 15,1), que o entrega de novo para o crucificarem (Mc 15,15). Uma Entrega para colocarem Jesus fora de Jerusalém, fora do Povo Eleito (morto numa Cruz romana, maldição para um judeu - Gal 3,13), fora da História dos homens, de quem é acusado de ser um «agitador» (Lc 23,2).
Ora por entre as páginas do Novo Testamento encontramos um outro tipo de Entrega: «Tanto amou Deus o mundo que lhe entregou o seu Filho Unigénito, afim de que quem crê não se perca, mas tenha a vida eterna» (Jo 3,16). «Este é o meu sangue, o Sangue da Nova Aliança que será derramado por todos» (Mc 14,24). A Entrega derradeira: «Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito» (Lc 23,46).
Torna-se claro que a Entrega que Deus faz não coincide com a dos sumos-sacerdotes e de Pilatos; estes não são, de modo nenhum, mediação da presença e acção do Pai neste Drama. É certo, desde o princípio, qual o papel de Deus: «Mas Deus, libertando-o dos rigores da morte, o ressuscitou, pois a morte não podia retê-lo» (Act 2,24). É à luz desta Experiencia Pascal que a morte de Jesus recebe todo o sentido: é Deus quem se encarrega de a inserir no seu Projecto («era necessário que o Messias sofresse tudo isso...» Lc 24,26), correspondendo assim à fidelidade do Messias. «Pai, chegou a Hora: glorifica o teu Filho, para que o teu Filho te glorifique» (Jo 17,1). Encontram-se duas plenas liberdades de Amor, do Filho que se entrega, do Pai que, já o tendo enviado, o ressuscita.
E da entrega miserável que os sumo-sacerdotes e Pilatos preparam, irrompe, pela força do Amor, uma Entrega 70 vezes 7 maior (Mt 18,22). E a Vida do Filho, Jesus de Nazaré, cuidadosamente gerada no poder do Espírito Santo de Amor (Lc 1,35), torna-se Património Universal de uma Nova Humanidade, pela fecundidade máxima de um Amor que, na Entrega capaz até da morte, a vence totalmente (1Cor 15,54).
«Se o Grão caído à terra não morrer, ficará só; se morrer, dará muito fruto»... (Jo 12,24)

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