terça-feira, 6 de novembro de 2007

CSsR (II): a opção preferencial pelos pobres

A preferência pelas condições de necessidade pastoral ou pela evangelização propriamente dita e a opção em favor dos pobres constituem a própria razão de ser da Congregação na Igreja e o distintivo de sua fidelidade à vocação recebida. O mandato conferido à Congregação de evangelizar os pobres visa a libertação e a salvação da pessoa humana toda. Os membros da Congregação têm como incumbência o anúncio explícito do Evangelho e a solidariedade com os pobres, a promoção de seus direitos fundamentais na justiça e na liberdade, com o emprego dos meios que sejam, ao mesmo tempo, conformes ao Evangelho e eficazes. (Constituição 5)

Um carisma é a consagração pelo Espírito dos dons e talentos de uma pessoa para o serviço da comunidade. Do mesmo modo, o Espírito consagra um grupo de pessoas para o serviço do Reino; por isso, todas as Famílias na Igreja, todos os Institutos abraçam um determinado serviço no Reino.

A CSsR surgiu, com Afonso, numa experiência de falha da Igreja institucional: Afonso, então padre com 36 anos, descobre em Scala e nas zonas rurais à volta grupos de camponeses e pastores que não eram assistidos espiritualmente, não conheciam o fundamental da Fé nem tinham possibilidades de praticar uma vida sacramental, por não terem padres disponíveis a ir para essas zonas e a suportar os incómodos e dificuldades, como dizia o próprio Afonso. Perante a observação dessa realidade, Afonso faz a experiência de que o Espírito o consagrava a entregar a sua vida por essa causa, dedicando-se ele mesmo à assistência a esses pastores como missionário itinerante. Quando outros padres fazem a mesma experiência de consagração e se juntam a Afonso, nasce uma nova Família Carismática na Igreja ao serviço do Reino.

A CSsR dedica-se ao anúncio do Evangelho aos que estão afastados ou abandonados pela igreja institucional, seja os que nunca ouviram o anúncio do Evangelho, seja os que nunca o ouviram numa linguagem verdadeiramente de Boa-Nova, seja os que são vítimas da divisão ou exclusão da igreja (os grupos excluídos pastoralmente, como os divorciados, por exemplo). Vemos que não é preciso pensar em terras distantes para encontrar estas situações: como Afonso, encontramo-las facilmente, na nossa Europa, em que a Igreja não adquiriu ainda o seu rosto evangelizador e, por isso, boa parte dos baptizados ou vive a sua fé de modo pouco formado, ou está totalmente afastado de qualquer ritmo de vida cristã e comunitária. Assim, os redentoristas dirigem-se de modo especial a todos os que “não frequentam a missa ao domingo”, não tanto para os “recrutar” ou para “regularizar a sua situação”, numa espécie de proselitismo, senão para os convidar a (re)descobrir o rosto evangélico de Jesus Cristo num caminho comunitário de Fé.

Entre estes abandonados ou afastados eclesialmente, os redentoristas têm de modo especial em atenção os mais pobres, economica e socialmente, em que a sua pobreza é causa de abandono espiritual. É nas “zonas de fronteira eclesial” que os redentoristas são chamados segundo o carisma pessoal dos seus missionários para serem anunciadores do Evangelho libertador e redentor, presenças de amor fraterno e defensores dos seus direitos fundamentais.
um grande abraço

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