segunda-feira, 31 de março de 2008

apresentando uma pessoa... (I)

Partilho convosco um texto que meditamos juntos no nosso Grupo de Jovens ontem: trata-se do que nos parecem ser as dimensões fundamentais da nossa vida em construção. Fui um dia muito bom que passamos ontem, acho que eles não se importam que eu o partilhe aqui (hihihi).
Gostava de apresentar-te uma pessoa. Ela acompanha-me já há algum tempo, e gosto muito da sua companhia. Às vezes ponho-me a conversar com ela, gosto de a ouvir: falamos sobre as coisas mais importantes da nossa vida.

Normalmente conversamos em dias especiais, quando posso parar. Ela não gosta muito do barulho, nem da confusão, nem do stress. Diz que, onde há barulho, onde há multidão, não nos podemos ver. Também costuma dizer-me que eu sou muito ocupado; vivo sempre a correr, a fazer coisas ou a pensar nas coisas que tenho de fazer. Assim, às vezes convida-me para sair, para dar um passeio, para estar algum tempo assim, só, sem fazer nada. A viver.

Essa foi uma das primeiras coisas que essa pessoa me ensinou: aprender a parar. Parar, disse-me, parar para pensar, parar para estar com alguém que amamos, parar para estarmos connosco próprios, é fundamental para o crescimento de uma pessoa madura. Normalmente, aqueles que correm de um lado para o outro, aqueles que precisam de estar permanentemente a fazer coisas, aqueles que não conseguem estar sozinhos, não se tornam pessoas maduras.

Então, lembro-me de lhe perguntar, a esse meu amigo, se ele queria que eu me tornasse um inútil. Ele disse-me que não: disse-me que é fundamental para uma pessoa se realizar e ser feliz, que seja activa, que se dedique a criar, a construir e a trabalhar. Disse-me também que é muito importante a comunicação, o falar com os amigos, trocar mensagens, entrar no Messenger, sair para tomar um café. Mas explicou-me: uma pessoa que não consiga estar parada e sozinha, também não consegue estar com ninguém. Porquê? Porque não cria uma interioridade, um espaço dentro dela própria que seja só seu, com os seus segredos, a sua história, os seus projectos, os seus gostos; um espaço, como que um quarto secreto, onde estamos connosco próprios e onde criamos esta vida que depois partilhamos com os nossos irmãos.

Lembrei-me do que disse uma vez Jesus, quando falou sobre a oração: criticou aquelas pessoas que repetem muitas palavras e rezas, para se exibirem diante das outras. Jesus falou que, quando orarmos, entrarmos no nosso quarto mais escondido, fecharmos a porta, e falarmos ao Pai, que nos escuta e conhece no segredo. E então percebi que somos uma interioridade, e que é dentro de nós, não fora, que encontramos o nosso Deus. Porquê? Porque somos pessoas, não nos esgotamos no que fazemos ou parecemos; é dentro de nós que temos a nossa maior riqueza, o que somos.
um grande abraço

2 comentários:

Anónimo disse...

Muito obrigada Rui Pedro,por partilhares connosco esta preciosa mensagem!
No concreto dos nossos dias pode ajudar muitas pessoas e se me permites vou imprimir este texto para oferecer a alguem que precisa ok?

Rui Vasconcelos disse...

pois com certeza, Mila, sinta-se sempre à vontade! O texto continua nos próximos dois dias.
um grande abraço