sábado, 29 de novembro de 2008

não se envergonha de nos chamar de Irmãos...


«De facto, tanto o que santifica, como os que são santificados, provêm todos de um só;

razão pela qual não se envergonha de lhes chamar Irmãos»


(Heb 2,11)


Não se envergonha de nos chamar de Irmãos... Há frases e palavras que me batem por completo, que me ficam, marcadas na cabeça, que se repetem, que se lêem à luz de toda a História, que me transportam... E me levam a compreender, a ver melhor, mais fundo, o que de facto acontece em Jesus de Nazaré, e o que nele acontece para mim...

Não se envergonha de chamar-lhes Irmãos... Falamos de Jesus de Nazaré, claro, que a partir da Experiencia Pascal é reconhecido como o Ressuscitado: n'Ele, por Ele a Vida irrompe na nossa História de uma forma nova e plena, a Vida de Deus... E aquele Homem, aquela Pessoa, torna-se Património Universal da Humanidade, de toda a História: a sua vida torna-se Irrupção da Vida de Deus, da Vida do Pai, é plenamente gerado como Filho, no poder do Espírito Santo: «constituído Filho de Deus em poder, segundo o Espírito santificador pela Ressurreição dos mortos» (Rom 1,4).

E quando os primeiros discípulos, os nossos pais na Fé de quem recebemos esta pérola que é o Novo Testamento, proclamam com maior alegria possivel que aquele Homem Ressuscitou, proclamam também logo a seguir: «Sim, Ressuscitou, aquele que viveu connosco, que caminhou connosco, que comeu connosco... que nos chamou irmãos, da nossa carne, da nossa Família, do Povo de David, da nossa Humanidade. Jesus. Filho de José, de Nazaré. Ressuscitou.» É dos nossos; e aconteceu-lhe o que de melhor, de radicalmente melhor e novo podia acontecer: ele, que sempre viveu na fidelidade a Deus, na confiança e obediencia, como um Filho, a sua vida é assumida e plenificada por Deus, tornando-o o Senhor da Hístória. Porque que um homem seja Ressuscitado na Vida de Deus, significa que um Homem entra no Poder de Deus... Isto é Novo.

E Ele nunca se envergonhou de nos chamar irmãos... Construiu a sua vida na total entrega aos irmãos, caminhando pelas estradas da Galileia e Judeia, acolhendo, escutando, anunciando, partilhando... Ele, que disse: «Eu estou no meio de vós como aquele que serve» (Lc 22,27). Ele, de quem foi dito: «Andou de lugar em lugar, fazendo o bem e curando todos os que eram oprimidos pelo mal, porque Deus estava com Ele» (Act 10,38). Uma vida construida neste jeito, deste modo, na total entrega, só pode conduzir a uma morte que é o culminar desta entrega fiél e incondicional. E daqui nasce logo uma consequencia, imediata, para os discípulos: Ele, que na sua vida se entregou totalmente pelos irmãos, agora, Ressuscitado, gerado na Vida do Abbá, também se entrega totalmente como o Salvador. Para nós.

Se a Ele aconteceu isto, também nós participaremos dessa Boa-Noticia, desse Acontecimento: «Por um homem vem a ressurreição dos mortos» (1Cor 15,21). O que lhe acontece de Bom, de radicalmente Bom, não é só para Ele: é para Nós. Porquê? Porque nunca se envergonhou de nos chamar de irmãos: está totalmente solidário connosco, como o foi na sua história. Jesus, de Nazaré, o Ressuscitado, é assim: vive ao nosso Serviço. Hoje, partilhando connosco a sua Vida, a Vida do Abbá, o Espírito Santo. Está connosco.

E quando entra na Vida de Deus, pela Páscoa da morte, entra abraçado a uma multidão incontável de homens e mulheres, toda a Humanidade: «Apareceu na visão uma multidão enorme que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas. Estavam de pé com túnicas brancas diante do trono e diante do Cordeiro» (Apc 7,9). E tu, e nós, que estamos neste momento a construir a nossa história como pessoas, já estamos agarrados, abraçados ao Ressuscitado, que assume a nossa vida já com horizontes de eternidade...

Não se envergonha de nos chamar de Irmãos... é dos nossos. É nosso, está por nós, para nós. E nós n'Ele, por Ele, para Ele. Agarrado, abraçado. Com toda a força de uma relação de irmãos. Mais forte que o sangue, mais forte que tudo. O Filho. E nós, n'Ele, no Filho. «Deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus» (Jo 1,12). Irmão, nosso Irmão... O Primogénito. «De tal modo que Ele é o primogénito de muitos irmãos» (Rom 8,30).

um grande abraço!

1 comentário:

Sol da manhã disse...

Irmão, nosso Irmão... O Primogénito....

«De tal modo que Ele é o primogénito de muitos irmãos» (Rom 8,30).

Espectáculo, até por todos nós rezou "não rogo só por eles, mas também por aqueles que hão-de crer em mim, por meio da sua palavra, para que todos sejam um só, como Tu, Pai, estás em mim e Eu em ti; para que assim eles estejam em Nós e o mundo creia que Tu me enviaste". (Jo, 18-20)

E ainda nos chamou de irmãos!!! Fantástico, hein?!


Muito Obrigada, Rui Pedro!

Um GRANDE Abraço!